sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Cultivando minha sanidade obscura



Eu já tive um milhão de blogs, mas com certeza nenhum como esse. Acho que já estou mais madura agora, mas eu só acho. Não tenho certeza de quase nada nessa vida. O fato é que não sei quanto tempo vou levar isso a sério, já que eu sempre abandono meus diários, mas a verdade é que eu tenho passado tempo demais escrevendo sobre personagens e outros mundos (que é o que eu mais gosto de fazer na vida) e talvez tenha usado pouco meu chamado de escritora para me ajudar como pessoa. Vou tentar fazer isso aqui. Por meio de um milhão de reclamações azedas e amargas, vou refletir sobre quem sou e quem sabe, encontrar quem eu sou? Ou chegar perto. Isso me lembra uma frase de uma das minhas personagens favoritas, a Sailor Urano de Sailor Moon, quando ela diz "O que eu sou agora é o mais perto do meu verdadeiro eu." Acho isso muito inteligente, quero dizer... Acho que a gente nunca chega a ser quem a gente realmente é.
Mas, deixando as divagações de lado... Eu estou fazendo esse blog, principalmente, para lidar com as questões que vem me afetando muito ultimamente. Na verdade, essas questões me afetam desde os meus 9 anos de idade, ou talvez até antes. Mas foi quando eu me lembro de ter começado a cultivar essa doença da hipocondria, da preocupação excessiva, da ansiedade... Que mais tarde foi culminar na Síndrome do Pânico, ou, mais conhecida (pelo menos para os infelizes portadores) como inferno na Terra. Uma vez eu vi isso num filme, um cara dizendo que não tinha sensação mais horrível do que um ataque de pânico. Eu convivo com essa doença desde os 12 anos, com pausas de alguns anos e a volta dela em algum tempo atrás, o que me trouxe de brinde uma anorexia que me fez ir até os 34 kg. A ansiedade fecha meu estômago. Em fevereiro faz um ano que eu estou em tratamento com psiquiatra e com remédios, e posso garantir que houve MUITA melhora. Talvez eu devesse ter começado o blog naquela época, mas enfim... Deus sabe o tempo de tudo. E, na verdade, é assim que eu enxergo a doença na minha vida: ainda não sei o motivo de tê-la, mas sei que Deus tem um propósito perfeito para isso. Eu confio plenamente Nele, e depois de TANTAS orações desesperadas para que Ele me livrasse desse mal que já me fez pensar em suicídio e que já tirou toda minha alegria de viver, eu não fui atendida, então acho que há algum motivo maior para isso tudo. Acho, não. Tenho certeza. 
As coisas que passam pela minha cabeça durante uma crise de pânico são bizarras. Tem coisa que eu tenho noção de que não tem NADA A VER, mas mesmo assim elas me assustam. Já achei que fosse ficar louca, e essa foi a pior suspeita da minha vida. Ou talvez ela empate quando eu tinha total pavor de ser epilética. Não me julguem. Enfim. Meu psiquiatra conseguiu me convencer, com MUITO custo, de que não, eu não sou louca. Na verdade, sou tão sã que é assustador. Mas já apareceram outros pensamentos tenebrosos na minha cabeça. Tipo, medo de a crise nunca passar, medo de eu não aguentar mais viver, medo de eu ter um colapso ferrado com direito a internação num hospital psiquiátrico... Se bem que muitas vezes eu já DESEJEI ir parar num hospital para não ter que lidar com a minha própria cabeça. Eu me considero uma pessoa muito inteligente e extremamente criativa, mas essa é uma faca de dois gumes, porque junto com toda a inteligência e criatividade vem os medos e os monstros. Sim. Eu crio monstros e vivo com medo deles, mesmo sabendo que eles são frutos da minha imaginação. Essa é a minha sanidade obscura. 
Eu não acredito mais na cura da minha síndrome do pânico. Na verdade, o meu próprio médico disse que talvez eu tenha que lidar com as crises pro resto da minha vida. Eu só peço a Deus que eu tenha forças para isso. E que eu não precise de remédio para sempre.
Agora já estou muito melhor, controlando as crises muito melhor e com 38 kg. Ainda tenho que chegar aos 45, mas, um passo de cada vez. Meu maior desafio é vencer minha ansiedade e meu perfeccionismo. Eu li uma frase interessantíssima esses dias, acho que foi ontem: "Perfection is a flaw." 
Eu preciso me lembrar dessa frase para a VIDA. Tenho certeza de que, quando eu puder rir das vergonhas que eu passo e não ficar vermelha e com o coração disparado quando alguém aponta um erro/defeito meu, eu vou ser uma pessoa muito mais calma e feliz.
Feliz eu sou, até. Mas calma... Essa palavra não existe dentro de mim. 

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