segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

It gets better


















Há um ano atrás, eu sentia dores abdominais e enjoos absurdos se tivesse que sair de casa. Há um ano atrás, eu não conseguia dormir um sono tranquilo. Há um ano atrás, eu não conseguia ficar dentro da sala de aula. Há um ano atrás, eu dormia com a minha mãe. Há um ano atrás eu sentia tanto medo o tempo todo, que a vida não fazia mais sentido. Há um ano atrás, eu pensava que morrer não devia ser tão ruim, uma vez que eu me livraria de todo esse sofrimento. Há um ano atrás, nada nem ninguém conseguia me consolar. Há um ano atrás, eu tinha medo de não aguentar o tormento da minha mente e simplesmente dar cabo da minha vida. Há um ano atrás, eu pesava 34 kg. Há um ano atrás, eu tomava 4 calmantes para dormir e mesmo assim não relaxava. Há um ano atrás eu tinha ânsia de vômito com qualquer comida que colocasse na boca. Há um ano atrás eu tinha crises que me faziam tremer inteira dos pés à cabeça e me impossibilitavam de ficar de pé. Há um ano atrás eu desejei morrer para me livrar de uma crise.

Hoje em dia eu ainda fico nervosa quando saio de casa, mas consigo dominar a tensão que causa os desconfortos físicos. Hoje em dia, eu consigo dormir, mesmo que acorde do nada tendo uma crise, consigo voltar a dormir tranquilamente quando ela passa. Hoje em dia, eu consigo ficar dentro da sala de aula, mesmo que olhando o relógio compulsivamente. Hoje em dia, não durmo mais com a minha mãe e nem preciso chamá-la quando tenho crise. Hoje em dia, a vida voltou a fazer todo sentido para mim e eu voltei a querer fazer parte dela, não importa o quê. Hoje em dia, a morte me assusta novamente. Hoje em dia, tenho muitos pensamentos para me consolar, e muita experiência também. Hoje em dia eu sei que as crises vão passar e que essa loucura não pode me dominar. Hoje em dia, eu peso 38 kg. Há nove meses que eu não tomo calmante. Hoje em dia eu consigo comer normalmente na maioria dos dias. Hoje em dia minhas crises são mais curtas e bem menos devastadoras sobre meu corpo. Hoje em dia, morrer não é mais a solução para mim.

Como será daqui a mais um ano?

Eu tenho certeza de que essa dor não pode ser curada, mas tenho certeza também de que ela melhora. Tenho certeza.

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